Já é de conhecimento geral que aquando as mudanças de estação, o nosso corpo passa por uma etapa de adaptação - há alterações de humor e consequentemente de comportamentos, assim como sintomas físicos. São até referidas estas mudanças como “depressões sazonais”, contudo, estas são mais associadas ao Inverno, devido ao clima mais frio e chuvoso, o anoitecer mais cedo… contudo, este é um fenómeno que também ocorre quando passamos de uma estação chuvosa e “escura”, para uma estação mais “colorida”, como é a primavera que se inicia hoje!
A mudança de estação influencia tanto a nossa saúde física, como a nossa saúde mental – além de que estas influenciam-se mutuamente, sendo necessário sempre procurar um equilíbrio entre ambas.
Sabe-se que a alteração de clima, nomeadamente o aumento da temperatura, assim como maior tempo de exposição solar, podem fazer-nos sentir: cansaço, fraqueza, falta de energia e motivação (até para as tarefas mais simples), irritabilidade, dificuldades em dormir, … As nossas rotinas e horários são alterados, influenciado assim o nosso ritmo circadiano – ciclo de 24h que inclui os nossos ciclos fisiológicos e comportamentais e que serve de regulador do nosso apetite, temperatura corporal, níveis hormonais, pressão sanguínea, metabolismo e sono.
Todas as anteriores alterações, aliadas às expetativas e “pressão” que podemos sentir em ser ativos e estar felizes - associadas aos dias maiores e solarengos, às cores da estação, ao desabrochar das flores, e a vermos outras pessoas serem mais ativas nesta altura e a “aproveitarem o dia” -, podem fazer-nos sentir ansiosos e/ou tristes, acrescentando-se o sentimento de culpa, aos nos compararmos com os outros.
Assim, é importante perceber e aceitar estas mudanças, cedendo tempo ao nosso corpo e mente de se adaptarem e praticando o autocuidado, de forma a facilitar este processo, tais como:
- Manter uma dieta equilibrada e rica em vitaminas;
- Manter-se hidratado;
- Praticar exercício físico com regularidade;
- Adaptar horários e manter rotinas;
- Reservar tempo do dia para relaxar e fazer algo que goste;
- Dormir entre 7 a 9 horas;
- Cuidado com o tempo excessivo de exposição tecnológica (TV, redes sociais, etc.);
- Procurar acompanhamento médico e/ou psicológico se sentir necessidade.
Coincidentemente, hoje, celebra-se ainda o dia internacional da felicidade. Realçando o que já foi dito, é essencial lembrar que não nos podemos comparar com os outros e que a felicidade é um termo subjetivo – as coisas que fazem alguém feliz, podem não nos fazer a nós... quantas vezes não ouvimos comentários semelhantes a “não percebo porque estás triste, tens tudo, tudo te corre bem”, ou “não percebo, tens a vida perfeita” …, mas todas estas questões têm significados diferentes para cada um. Por esse motivo, devemos tentar ser mais empáticos uns com os outros, trabalhar no nosso autoconhecimento e autocuidado e evitar comparações.
Dra. Telma Gomes - Unidade de Saúde e Terapia Mental Taipas Termal