No dia 14 de fevereiro, celebra-se, por quase todo o mundo, o Dia dos Namorados, ou Dia de S. Valentim. É um dia em que se celebra o amor e as relações amorosas, contudo é importante lembrar que nem tudo é “amor ou mar de rosas” e que este conceito não pode ser desculpa ou justificação para comportamentos abusivos.
De acordo com a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), “a violência no namoro acontece quando, no contexto das relações de namoro que podem ser mais ou menos sérias, um dos parceiros (ou mesmo ambos) recorre à violência com o objetivo de se colocar numa posição de poder e controlo”, podendo ser um ato pontual e contínuo, e existir em relações de qualquer idade.
Salienta-se que a violência nas relações não é exclusiva das relações adultas, dos casais em matrimónio ou que vivem juntos, começando, por vezes, a desenvolver-se desde as primeiras relações amorosas, na adolescência. É na vivência destas primeiras relações que os jovens aprendem comportamentos e expetativas sobre as relações amorosas, servindo estas como um “molde” para relações futuras, podendo ainda influenciar a sua perceção, autoestima e sentido de identidade.
Por este motivo, é importante que exista uma educação e prevenção precoce nos diferentes contextos dos jovens, desde familiar a escolar, de forma a que aprendam a identificar e denunciar comportamentos abusivos e condenáveis e que sejam, ainda, capazes de sair dessas relações.
Estes podem ser de origem verbal (humilhação, crítica, ameaça); psicológica (várias formas de controlo, manipulação, chantagem); social (promoção do isolamento social humilhação pública); física (empurrões, murros, bofetadas); sexual (coação à prática de relações sexuais ou carícias forçadas). É importante sublinhar que nenhuma destas formas de violência é uma “manifestação de amor” e, muitas das vezes, a vítima não tem consciência de que está a lidar com uma destas situações, começando com situações menores e subtis, tomando depois um efeito “bola de neve”.
Além disso, para quem passa por estas situações, não é fácil… por vezes as pessoas sentem vergonha de assumir o que estão passar, medo do/a agressor/a, receio de serem culpabilizadas ou desacreditadas, ou até mesmo solidão (muitas vezes provocada pelo isolamento social a que foi forçado/a), não sendo capaz de sair dessas situações ou denunciar. Por este motivo, a APAV fornece atendimento gratuito, anónimo e confidencial.
Se és vítima de algum tipo de violência na tua relação, ou conheces alguém que seja, é fundamental procurar ajuda e denunciar – a violência no namoro integra-se no quadro legal do crime de violência doméstica, uma vez que se trata de um crime público e de responsabilidade coletiva.
Deixamos de seguida, alguns contactos a que podem recorrer. Além disso, temos disponível o nosso Serviço de Psicologia, inserido na nossa Unidade de Saúde e Terapia Mental da Taipas Termal, ao qual podes recorrer se estiveres a vivenciar, ou já vivenciaste, uma destas experiências.
– Linha de Informação a Vítimas de Violência Doméstica: 800 202 148
– Linha de Apoio à Vítima: 116 006
– Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV): 707 20 00 77 ou apav.sede@apav.pt
– Linha de Emergência Nacional: 112
Drª. Telma Gomes – Unidade Saúde e Terapia Mental